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quinta-feira, 26 de maio de 2016

EBD: Lição 9 - A Nova Vida em Cristo.

Missionário Vicente Dudman
 Formatura:
Teologia - Escola Teológica das
Assembleia de Deus no Brasil
Direito - Universidade Estácio de
Sá (Câmara Cascudo) no Rio
Grande do Norte.
Inglês - University of Texas
Estados Unidos.
Estamos disponibilizando pra você todo início de semana, mais um comentário sobre cada lição da EBD. Assim fazemos, para que os irmãos possam melhor preparar sua aula. Cada item, contém um comentário, para que o amado leitor entenda melhor os tópicos da lição. Estudaremos esta semana a lição nº 09, desse 2º trimestre, que tem como título:  A NOVA VIDA EM CRISTO. Para cada tópico, deixamos o nosso comentário. Fizemos cuidadosa pesquisa a respeito dessa tão importante lição. Buscamos auxílio e Ainda recorremos a vários mestres no assunto, para que pudéssemos aplicá-lo para o seu melhor entendimento. Em caso de dúvidas com relação ao assunto, deixe seu comentário, a sua dúvida, no final desta postagem, que responderemos com todo prazer a sua pergunta. Espero que satisfaça a todos, e tenha uma boa aula.

INTRODUÇÃO
A conexão entre tudo o que Paulo escreveu anteriormente (capítulos 1 a 11) e o capítulo 12 de Romanos é feita por intermédio do uso da partícula grega oun, traduzida em português como portanto, pois. Nesse contexto, o uso dessa partícula pode se referir a tudo aquilo que o apóstolo havia escrito anteriormente ou pode também se referir àquilo que ele escreveu na seção que compreende somente os capítulos 9 a 11. O fato é que esse texto não está fora de lugar. Paulo havia tratado em detalhes sobre a justificação pela fé e como Deus, em sua soberania, tratou com os gentios e judeus nesse processo. Agora ele quer que os crentes tomem consciência de que tudo isso tem implicações práticas na nova vida em Cristo. 
Comentário
O capítulo 12 é iniciado com uma exortação para que os crentes apresentem seus corpos a Deus como um “culto racional” (v.1). Qual o significado desta expressão? Culto (grego latreia) é o serviço de obediência a Deus em geral, ou atos específicos de louvor dirigidos a Deus; Racional (grego logikos) lógica, raciocínio; a idéia principal tem a ver com discurso e raciocínio. Uma vez que entendemos o que Deus tem feito por nós, faz sentido nos dedicar a ele em obediência e serviço. O uso da palavra “oun” (pois) no v. 1 mostra que este serviço razoável se baseia nas doutrinas estabelecidas anteriores. Paulo acabou de falar sobre a profundidade da riqueza de Deus, que nos criou e nos deu a salvação de graça (Rm 11.33-36). Por isso, devemos nos dedicar ao Senhor. Romanos 12.1 frisa um fato importante no estudo da palavra de Deus: O conhecimento da palavra de Deus exige uma aplicação prática! Aprendeu, tem que viver! Depois de estabelecer a base doutrinária, o capítulo 12 contém uma série de aplicações práticas. Na linguagem de Tiago: “Tornai-vos, pois, praticantes da palavra, e não somente ouvintes” (Tg 1.22), este é o nosso culto racional! A misericórdia de Deus em salvar pecadores exige uma resposta de gratidão. O cristão deve se apresentar a Deus como sacrifício vivo. Não deve se conformar com o mundo, pois se transforma pela vontade de Deus.
I. EM RELAÇÃO A MORDOMIA DA ADORAÇÃO CRISTÃ (Rm 12.1,2)

1. Uma exortação em forma de apelo. “Rogo-vos”, conforme aparece na versão Almeida Revista e Corrigida, traduz o verbo grego parakaleo. Essa palavra tem, no original, o sentido de admoestar, encorajar e exortar. Os léxicos destacam que esse termo era usado no contexto militar quando um oficial queria exortar as tropas. As palavras introdutórias de Paulo são, portanto, um apelo exortativo. Os crentes deveriam levar em conta tudo o que ele havia ensinado até então e procurarem se ajustar à nova vida em Cristo. As doutrinas bíblicas, mesmo aquelas mais complexas, não devem promover apenas especulações teológicas, mas fomentar no crente a piedade cristã.
Comentário
Rogar significa pedir com instância alguma coisa a alguém, querendo encarecidamente recebê-la. Rogar é mais que pedir. Rogar é uma súplica. Assim, Paulo está pedindo com fervor de sentimento alguma coisa aos crentes de Roma. O que ele pede? E como pede? O crente deve ter uma paixão sincera por agradar a Deus, no amor, na devoção, no louvor, na santidade e no servir. Nosso maior desejo deve ser uma vida de santidade, uma vida que glorifique a Deus. Para isso, precisamos separar-nos do mundo e aproximar-nos cada vez mais de Deus (v. 2). Devemos viver para Deus, adorá-lo, obedecer-lhe; opor-nos ao pecado e apegar-nos à justiça; resistir e repudiar o mal, ser generosos com o próximo na prática de boas obras, imitar a Cristo, segui-lo, servi-lo, andar na direção do Espírito Santo e ser cheio dEle.
2. Uma palavra concernente ao corpo. O apóstolo solicita aos crentes romanos [...] “que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional” (Rm 12.1). Três coisas são ditas aqui sobre o corpo como instrumento de adoração. Em primeiro lugar, o corpo deve ser oferecido em sacrifício. A palavra grega usada aqui pelo apóstolo é thüsia, que significa sacrifício ou oferta. O paralelo é feito com o sistema de sacrifícios levítico do Antigo Testamento. Em segundo lugar, esse sacrifício, ao contrário daquele da Antiga Aliança, deve ser apresentado vivo e não morto. Em terceiro lugar, esse sacrifício deve ser santo. A ideia de algo que foi separado exclusivamente para o serviço de Deus. Assim fazendo, o crente terá a garantia que estará agradando a Deus na sua adoração. 
Comentário
Sacrifício vivo - A nova ordem tem os seus sacrifícios, que não consistem nas vidas de outrem, como os antigos sacrifícios de animais (Hb 13.15; lPe2.5). Uma aparente contradição de termos; contraste com sacrifício de animais mortos do Antigo Testamento; oferecer a própria vida em adoração a Deus; Sacrifício santo: o corpo oferecido em sacrifício santo é o templo do Espírito Santo (1Co 6.19; Ef 2.21; 1Ts 4.4). O termo logikên latreian - ocorre apenas em Rm 12.1, mas era popular entre os filósofos gregos. Como um sacrifício vivo pode ser percebido, no sentido prático? O versículo que se segue nos ajuda a compreender: Somos um sacrifício a Deus ao não nos conformarmos com este mundo. Como podem os crentes não se conformarem com o mundo? Por serem "transformados pela renovação do vosso entendimento." (Rm 12.2). Veja 6.13,19; o verbo grego aqui é o mesmo que ali é traduzido por "oferecer". Agora Paulo expõe com mais pormenores aquilo que está envolvido em apresentar-se os cristãos a Deus para serem usados no Seu serviço.
3. Uma palavra concernente à mente. Assim como o nosso corpo deve ser ofertado em sacrifício vivo a Deus, da mesma forma a nossa mente também precisa ser (Rm 12.2). Para que a adoração seja verdadeira ela precisa ser realizada por pessoas com a mente transformada. Essa transformação, como mostra o original metamorphousthe, de onde vem o vocábulo metamorfose, significa ser transformado em nossa mais profunda natureza interior.
Comentário
O vosso culto racional. - "O vosso serviço racional" ou "razoável", isto é, o culto oferecido pela mente e pelo coração, este é o culto que os crentes, como criaturas racionais, devem oferecer. O serviço prestado por vidas obedientes é a única resposta razoável ou lógica à graça de Deus. O não conformismo com o mundo só é possível através da renovação da mente (v. 2). O verbo grego é metamorphoõ, traduzido por "transfigurar-se" nas narrativas da transfiguração em Mateus 17.2; Marcos 9.2. O único outro lugar onde aparece no Novo Testamento é 2 Coríntios 3.18, referindo-se aos crentes "transformados" na imagem do Filho "de glória em glória" (ou "de um grau de glória a outro") pela operação do "Senhor, o Espírito". Paulo evoca a figura do serviço religioso do templo e acrescenta uma qualificação - racional, ou seja, espiritual, integral; o sacerdócio cristão não há a oferta de alguma coisa, em certo tempo e espaço, mas a oferta de si mesmo à Deus o tempo todo e em todo lugar (Ver Jo 4.21-24). Finalizando este tópico, é digno de nota que o nosso sacrifício é vivo pela vida de Cristo, santo pela santidade de Cristo e aceitável pela perfeição de Cristo.
II. EM RELAÇÃO À MORDOMIA DO EXERCÍCIO DOS DONS (Rm 12.3-8)

1. Exercitá-los com moderação e humildade. A palavra dons (gr. charismata) que aparece no versículo 6, é a mesma palavra usada por Paulo em 1 Coríntios 12.4 em referência aos dons espirituais. O mesmo amor de 1 Coríntios 13, que regulamentou o uso dos dons, deve ser aqui praticado. Paulo já havia falado muito sobre a graça (gr. charis) e é em nome dessa graça, que a ele foi dada, que pede moderação e humildade na mordomia dos dons espirituais. Ninguém que exercitasse os dons espirituais deveria achar que era alguma coisa independente da graça. É exatamente isso o que significa o vocábulo grego yperphroneo, traduzido aqui como “pensar de si mesmo além do que convém”.
Comentário
Os dons espirituais são uma dotação sobrenatural concedida pelo Espírito Santo ao crente, para o serviço e execução dos propósitos de Deus na igreja e através dela. Os dons espirituais, portanto, não são qualidades humanas aprimoradas e abençoadas por Deus. São sete as principais passagens que tratam sobre os dons espirituais: 1 Co 12.1-11,28-31; 13; 14; Rm 12.6-8; Ef 4.7-16; Hb 2.4; 1 Pe 4.10,11. Além destas, há muitos outros textos da Bíblia sobre o assunto. A marca das obras das mãos de Deus é a diversidade, não a uniformidade. Assim é com a natureza; é assim também com a graça, e em nenhum lugar mais do que na comunidade cristã. Nesta há muitos homens e mulheres das mais diversas espécies de origem, ambiente, temperamento e capacidade. E não só isso, mas, desde que se tornaram cristãos, são também dotados por Deus de uma grande variedade de dons espirituais. Entretanto, graças a essa diversidade e por meio dela, todos podem cooperar para o bem do todo. Seja qual for a espécie de serviço que se deva prestar na igreja, que seja feito de coração e com fidelidade pelos que são qualificados por Deus, quer seja a profecia, o ensino, a exortação, a administração, as contribuições materiais, a visitação aos enfermos, quer a realização de qualquer outra classe de ministério. Para ilustrar suas palavras, Paulo usa a figura do corpo humano, como já fizera em 1 Coríntios 12.12-27. Cada parte do corpo tem sua função característica a desempenhar e contudo, num corpo sadio, todas as partes funcionam harmoniosa e Ínterdependentemente para o bem do corpo todo. Assim deve ser na igreja, que é o corpo de Cristo.
2. Exercitá-los respeitando sua diversidade. Paulo lembra aos romanos que a moderação e a humildade são indispensáveis no exercício dos dons. Ele também os faz recordar que Deus não quer exclusivismo no exercício dos dons (Rm 12.4). A individualidade deve ser respeitada, porque o Espírito usa pessoas, mas o individualismo deve ser rejeitado. Os dons são diversos, assim como diversos são os membros do corpo (Rm 12.5). Não existe um corpo formado somente por um membro, da mesma forma o Senhor não quer que os dons operem através de uma única pessoa (Rm 12.6). Todos têm seu lugar no corpo de Cristo. 
Comentário
Pela graça que me foi dada - isto é, a "graça" ou o dom do apostolado (ver 1.5, 15.15). Conforme o versículo 6, cada membro da igreja recebeu uma "graça" especial neste sentido, a qual deve ser exercida para o benefício de todos. Tal como 1Co 12, Paulo lança mão da analogia do corpo, com suas várias partes, para ilustrar a natureza da igreja. Ele salienta sua unidade (v. 5), sua diversidade (v.6) e a necessidade de reconhecer os próprios dons e fazer apropriado dos mesmos (v. 6-8).
3. Exercitá-los com esmero e regularidade. Paulo escreve aqui no contexto de uma igreja local, e não tem a preocupação de separar os dons espirituais dos dons ministeriais. Aqui, os crentes, quer sejam leigos quer sejam clérigos, são convidados à prática dos dons espirituais (Rm 12.6-8). Os dons, portanto, devem ser exercidos com dedicação e regularidade. Eles são dádivas de Deus e precisam ser desempenhados no contexto da igreja.
Comentário
Paulo reconhece a grande variedade e a natureza prática desses dons, bem como, o entrelaçamento dos dotes naturais com os dons espirituais (1 Co 14.26,32,33,40). Toda energia e poder sem controle são desastrosos. Deus nos concede dons, mas não é responsável pelo mau uso deles; por desobediência do portador à doutrina bíblica ou por ignorância desta. Portanto, os que recebem os dons devem: a) procurar saber o que a Palavra ensina sobre o exercício daquele dom em particular; b) exercer o dom segundo a Escritura; c) evitar desordens e confusões no uso dos dons.
III. EM RELAÇÃO À MORDOMIA DA PRÁTICA DAS VIRTUDES CRISTÃS (Rm 12.9-21)

1. Exercitar o amor. Socialmente a palavra amor está muito desgastada e quase sempre é associada apenas a sentimentos. Todavia, não é esse o significado de ágape no Novo Testamento. O amor cristão é algo que brota de dentro, do caráter de uma pessoa regenerada e passa a moldar o seu comportamento (Rm 12.9,10). Dessa forma, o amor jamais pode ser algo fingido, isto é, praticado com hipocrisia. Ele é algo autêntico. Vê o outro antes de si mesmo.
Comentário
A palavra Agape é uma das palavras traduzidas por “amor” da língua grega para o português. Na língua portuguesa, usamos a palavra amor para descrever alguns sentimentos e atitudes distintas. Por exemplo, usa-se “amor” tanto para o amor entre irmãos como para o amor entre um casal, apesar de serem tipos de amor diferentes. Agape significa aquele amor fraterno, tipo o amor de irmão, que cultiva afeição, boa vontade, bondade. É o tipo de amor que mais exercitamos, ou que deveríamos exercitar no dia-a-dia. Este é o amor mais sublime, mais alto, é a palavra usada para expressar o amor de Deus (Jo 3.16). Este é o amor descrito em 1Co 13. Quando fala sobre o amor de Cristo usa-se a palavra ágape, não fileo. Agape descreve um amor desinteressado, de alguém que se dispõe a dar de si mesmo sem esperar receber nada em troca. É o amor que leva alguém a oferecer a sua própria vida para salvar a outros. Ágape é o amor afetivo isento de conotações sexuais, isento de segundas intenções, isento de malícia e de interesses pessoais. Amor ao próximo é o tipo de amor que Cristo nos ensinou.
2. Exercitar o serviço cristão. Paulo aconselha os crentes em Roma a viverem a vida cristã com intensidade. Nada de apatia ou vagarosidade: “Não sejais vagarosos no cuidado; sede fervorosos no espírito, servindo ao Senhor” (Rm 12.11). A palavra vagarosos traduz o termo grego okneros, que possui também o sentido de preguiçoso, descuidado eindolente. Ser fervoroso não significa ser fanático, mas ser alcançado pela graça e andar segundo ela. A expressão “no espírito” tanto pode estar no caso locativo grego, significando nosso espírito humano, como no instrumental, se referindo ao Espírito Santo. Independentemente do caso que Paulo tenha usado, o sentido é do Espírito Santo incendiando a vida do cristão fervoroso. 
Comentário
A vida cristã só faz sentido neste mundo quando servimos a DEUS e ao próximo em perfeito amor. O amor deve ser o princípio-guia dos relacionamentos cristãos, não somente com os companheiros crentes (v. 9-13), mas também com os inimigos (v 14-21). Paulo menciona muitos deveres cristãos específicos, mas o amor é a nota dominante em todas as exortações. Serviço é a disposição, ou capacidade, concedida por Deus, para o crente servir e prestar assistência prática aos membros e aos líderes da igreja. Este dom se manifesta em toda forma de ajuda que os cristãos possam prestar uns aos outros, em nome de Jesus. Os que possuem este dom têm prazer em ministrar aos santos as coisas materiais que lhes são necessárias. O dom do serviço, como qualquer outro, é essencial para o bom funcionamento do corpo de Cristo. Quem o tem deve exercê-lo empregando toda a sua energia, no temor do Senhor.
3. Exercitar a resistência ao mal. Fechando essa seção, o apóstolo aconselha: “Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem” (Rm 12.21). Em Romanos, encontramos o apóstolo Paulo se referindo ao mal (gr. kakos) quatorze vezes. Em Romanos 7.19,21, ele apresentou esse mal como sendo sinônimo da natureza adâmica pecaminosa e má, que quer conduzir o crente a fazer aquilo que ele desaprova. Essa é a razão da guerra interior. Em Atos 16.28 Paulo fala desse mal como um dano irreparável que uma pessoa pode causar a si mesma. Aqui esse mal aparece como uma força oposta ao bem, que procura impedir o viver cristão vitorioso. A recomendação bíblica é: “vença o mal com o bem”. 
Comentário
Em um mundo de ódio, em que a lei é a vingança pelo mal recebido, Paulo surpreende seus leitores de Roma, recomendando: “Não te deixes vencer pelo mal, mas vença o mal com o bem.” (v.21). No capítulo 12 de Romanos, Paulo está falando como devemos viver a nossa nova vida como filhos de Deus. Essa inclinação para o mal vai morrer junto com o nosso velho “eu” e seremos novas criaturas (2Co 5.17). Paulo fala como deve ser as nossas atitudes a partir do nosso novo nascimento. Essas atitudes serão o que farão a diferença. Atitudes que nos ajudarão a vencer o mal. Ao invés de tomarmos nós mesmos a vingança, devemos deixá-la nas mãos de Deus e, assim, dar lugar à ira. É Deus quem exigirá vingança no julgamento final ou mesmo nesta vida. Agora é possível o crente libertar-se do sentimento de vingança, de deixar-se vencer pelo mal porque ele sabe que Deus corrigirá todos os erros em seu próprio julgamento perfeito (Dt 32.35). A Bíblia nos ensina a demonstrarmos graça para com os outros, enquanto Deus permanece paciente com o malfeitor (Pv 25.21-22).
CONCLUSÃO
Nesta lição aprendemos que o capítulo 12 de Romanos forma um conjunto de exortações a respeito do viver a nova vida em Cristo. Como observamos, essas exortações estão relacionadas a vários aspectos do viver cristão e envolvem a mordomia da adoração cristã, onde é mostrado o valor do corpo e da mente no serviço de Deus. Atenção é dada à mordomia dos dons espirituais, onde Paulo combate a apatia e o individualismo. A Igreja é o corpo de Cristo e como corpo ela deve viver. Por último o apóstolo exorta a respeito do exercício das virtudes cristãs, destacando a prática do viver cristão vitorioso. 
Comentário
Os capítulos 12 a 15 são uma característica do estilo paulino de dividir suas cartas mais teológicas em uma parte dogmática e em outra prática, na qual faz as aplicações. Em Romanos, essa divisão se dá no capítulo 12, onde, concluída a argumentação que expõe a iniciativa redentiva de Deus, ele agora vai apresentar sua concepção de resposta do homem à graça de Deus. Dentro da proposta inicial, extraída de Habacuque “aquele que pela fé e justo, viverá”, o autor agora vai descrever a segunda parte: “viverá”, ou seja, a vida daquele que foi justificado pela fé. As orientações dadas aqui vêm como aplicação natural dos fatos doutrinários apresentados nos primeiros onze capítulos. Todos os discípulos de Cristo, judeus e gentios, devem as suas vidas à misericórdia de Deus. Devemos viver como servos gratos, dedicando-nos ao serviço humilde. “NaquEle que me garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus" (Ef 2.8)”,
Missionário Vicente Dudman
Natal/RN
Maio de 2016


terça-feira, 10 de maio de 2016

EBD: Lição 7 - A Vida Segundo o Espírito

Missionário Vicente Dudman
 Formatura:
Teologia - Escola Teológica das
Assembleia de Deus no Brasil
Direito - Universidade Estácio de
Sá (Câmara Cascudo) no Rio
Grande do Norte.
Inglês - University of Texas
Estados Unidos.
Estamos disponibilizando pra você todo início de semana, mais um comentário sobre cada lição da EBD. Assim fazemos, para que os irmãos possam melhor preparar sua aula. Cada item, contém um comentário, para que o amado leitor entenda melhor os tópicos da lição. Estudaremos esta semana a lição nº 07, desse 2º trimestre, que tem como título:  A VIDA SEGUNDO O ESPÍRITO. Para cada tópico, deixamos o nosso comentário. Fizemos cuidadosa pesquisa a respeito dessa tão importante lição. Buscamos auxílio e Ainda recorremos a vários mestres no assunto, para que pudéssemos aplicá-lo para o seu melhor entendimento. Em caso de dúvidas com relação ao assunto, deixe seu comentário, a sua dúvida, no final desta postagem, que responderemos com todo prazer a sua pergunta. Espero que satisfaça a todos, e tenha uma boa aula.

INTRODUÇÃO
No capítulo sete da Epístola aos Romanos, o apóstolo Paulo apresenta um pequeno esboço do que ele iria tratar no capítulo seguinte. Por todo o capítulo oito, o apóstolo faz um contraste entre a velha vida, marcada pelo pecado e sem condições de se libertar, com a nova vida no poder do Espírito Santo, que Cristo nos proporcionou. O que fora impossível à antiga aliança, regida pela Lei, agora se tornou possível graças a uma nova lei - a lei do Espírito de Vida em Cristo Jesus. Por intermédio do Espírito Santo já temos uma visão prévia da alegria que, um dia, viveremos ao lado do Senhor no céu. Temos também a garantia de que, no futuro, desfrutaremos da plenitude da salvação. 

Comentário
Paulo inicia o capítulo oito, dizendo que nenhuma condenação há para os que são de Cristo Jesus, ou seja, aqueles que receberam ao Senhor Jesus, como único e suficiente salvador, e se arrependeram de seus pecados, estão justificados com Cristo, por isso estão livre da condenação do juízo final (Rm 5.1,2). O capítulo 8 nos fala de libertação do pecado e da morte (8.1-11), estamos livres, diz o apóstolo Paulo. A lei do Espírito da vida passou a atuar em nós, uma lei mais forte do que a lei do pecado e da morte, que denunciava nossa impotência. A lei do Espírito e da vida fala do poder que agora atua em nós como resultado do sacrifício de Jesus Cristo. Esse sacrifício não só nos livrou da condenação, porque pagou os nossos débitos, que a lei denunciava na vida de cada um de nós, mas, mais do que isso, tirou-nos da lei do pecado e da morte, ou seja, livrou-nos daquilo que nos mantinha constantemente sob débito. Agora uma nova força atua em nós, a força do Espírito de Deus. Agora, aquilo que a lei exigia, que era a justiça e santidade se tornou possível, por causa do Espírito que habita nessas pessoas. No capítulo 7, a força do pecado em nós era o que nos causava impotência absoluta; no capítulo seis, a marca daqueles que foram afetados pela Graça é buscar cada vez mais crescer na Graça, ou na linguagem do capítulo oito, inclinar-se para as coisas do Espírito. Neste capítulo, é destacada a diferença entre aquele que ainda vive preso a uma vida de pecado, com aquele que pela fé creu no Senhor Jesus e teve seus pecados justificados. Aquele que se mantém rebelde contra Deus e vive no pecado, ele também esta obedecendo a sua carne, se inclina para os desejos dela e vive para satisfazê-la, mas aquele que ouviu a vontade de Deus, crendo que ele mandou seu Filho para que através de sua morte e ressurreição fosse salvo (Jo 3.16), este recebeu o Espírito de Deus e por isso é inclinado a obedecer ao que o Espírito lhe conduz a fazer. E isso não é algo que o Espírito nos obriga a fazer, muito pelo contrário, ele age mansamente, nos convencendo de que aquilo é o melhor para nossa vida e gera em nós um desejo de agradar a Deus, por isso obedecemos, porque o amamos.

I - A VIDA NO ESPÍRITO PRESSUPÕE OPOSIÇÃO À LEI DO PECADO (Rm 8.1-4)
1. A enfermidade da lei. Como pudemos observar no capítulo sete, Paulo exclamou em tom desesperador quando vê diante de si (e de todos os cristãos) o impiedoso jugo do pecado (Rm 7.24). Esse grito pertence a todos nós. Mas qual era a razão desse desespero? É necessário entendermos a argumentação do apóstolo em torno desse assunto. Ele havia dito que todos os homens, quer gentios quer gregos, estavam debaixo da condenação do pecado. Mesmo os judeus, a quem foi confiada à Lei Mosaica, não conseguiram escapar desse cativeiro. E por que não? Porque a Lei, que fora dada para alertar os homens sobre a malignidade do pecado, acabou servindo de instrumento para aguçar o desejo de pecar. Dessa forma, a Lei, que era uma coisa boa, acabou por se tornar inoperante diante de outra lei - a lei do pecado e da morte. Assim, a Lei ficou doente.

Comentário
A lei do pecado e da morte não se refere à lei de Moisés (veja 7.7,13); Refere-se ao domínio do pecado e da morte sobre nós enquanto estávamos por nossa conta, fora de Cristo (7.23). O papel da lei, determinado por Deus, em um mundo caído, é revelar a natureza do pecado humano. Em Rm 7.24, a figura de linguagem é sobre uma pessoa acorrentada a um cadáver do qual ela não pode ser libertada, desesperançada de libertação. Mas o desespero cede lugar a uma declaração de vitória, não porque a batalha para, mas porque a força humana é superada pelo poder do Espírito Santo. Paulo não está criticando a lei moral, mas observa uma vez mais que, por causa da pecaminosidade da humanidade, a lei não pode dar a salvação ao ser humano (v.3). Em si mesma, a lei, a qual nos leva a reconhecer a realidade do pecado em nosso sistema moral e espiritual (3.20;5.13,20), é santa, boa e justa (v. 12). A lei é uma revelação fiel do que é certo e do que é errado e nunca perde a sua validade para aquilatar e dirigir o nosso comportamento moral. A lei foi usada por Deus para cumprir Seu propósito. Sem a lei, a promessa de Deus não teria sido cumprida. A inadequação da lei não é devida a alguma falha de sua parte, mas é por causa das condições em que ela tem de operar. Nosso pecado impossibilita a libertação pela lei. O comentário ‘Assim, a Lei ficou doente’, deve ser entendido à luz de 7.11-13: o pecado, não a lei, deve ser censurado. A lei de Deus, refletindo seu princípios morais justos, é santa. Ela simplesmente não tem o poder de nos tornar justos.

2. A cura da cruz. Ainda no mesmo capítulo sete, já chegando ao seu final, Paulo dá outro grito, agora não mais de desespero, mas de vitória pela graça de Deus revelada na pessoa de Jesus Cristo. O seu grito de vitória também é nosso grito (Rm 7.25). A mesma argumentação, agora em sentido oposto pode ser feita. Em vez do grito de desespero, Paulo dá um brado de vitória. Mas o que ocasionou esse grito de vitória? A resposta está na vida segundo o Espírito relatada em Romanos capitulo oito. 

Comentário
Paulo aprovava totalmente a boa lei de Deus e, no entanto, na carne ele ainda servia ao pecado. A lei é boa, mas não pode nos dar poder para obedecer, ele não dia que a lei em si mesma é má, mas enfatiza várias vezes que ela é boa e ainda descreve vividamente a impossibilidade de obedecer-lhe com a própria força de alguém. A nova vida no Espírito é experimentada por indivíduos, na mente, no corpo e no espírito, os quais continuam a estampar os sinais do pecado.

3. A lei do pecado é revogada. A lei do pecado e da morte, que havia neutralizado ou tornado ineficaz a Lei, agora foram revogadas pela lei do Espírito da vida. Essa nova lei, muito mais poderosa, porque não operava baseado nas obras da carne, mas no sacrifício de Jesus, o imaculado Cordeiro de Deus, tornou possível quebrar o jugo da escravidão que a lei do pecado produzia. Agora todos os filhos de Deus podem gozar da liberdade que vem da vida segundo o Espírito. 

Comentário
Na lição anterior comentei que algumas vezes o que é proibido automaticamente se torna mais atraente (Pv 9.17) - a Lei aguçou esse desejo de transgredir, não porque ela fosse má, mas por causa da malignidade da humanidade caída. O abuso da lei pelo pecado mostra a malignidade do pecado causando a morte pelo que é bom; mostra a necessidade da salvação. A inclinação da carne, ou seja, a obediência a nossa natureza caída, que é a inclinação para o pecado nos levará para a morte, mas os que se inclinam em obedecer ao Espírito, serão guiados para a vida e paz para com Deus. E é por isso que aqueles que se inclinam para obedecer a carne, ao pecado, acaba se tornando inimigos de Deus, porque rejeitam a vontade de Deus. Todos aqueles que creram no evangelho, já não estão mais presos aos desejos da sua carne, isso se realmente creram e receberam o Espírito de Deus. Porque aquele que não têm o Espírito de Deus, esse não pertence à Deus, ou seja, não foi salvo e justificado pela fé em Cristo Jesus. Deus nos libertou enviando seu Filho, nEle, o pecado foi condenado e o julgamento foi executado. Cristo venceu o pecado em seu próprio reino e a exigência da lei é cumprida em nós. Esta bênção é para aqueles que andam segundo o Espírito, e não a carne.

II - A VIDA NO ESPÍRITO PRESSUPÕE OPOSIÇÃO À NATUREZA ADÂMICA (Rm 8.5-17)
1. A velha inclinação. Paulo usa o verbo grego phroneo, traduzido aqui como inclinar, com o sentido de colocar a mente em algo. A natureza adâmica, mesmo destronada continua requerendo seu antigo lugar. Na carta aos gálatas, Paulo mostra que a carne milita, ou guerreia, contra o Espírito (Gl 5.17). Essa guerra acontece na esfera da mente, quando esta deseja (gr. epithymeo) contra o Espírito. Ainda na epístola aos crentes da Galácia, o apóstolo explica que a carne e o Espírito são duas forças opostas entre si (Gl 5.16,17). Todos os crentes salvos, quer sejam novos convertidos quer não, são objetos dessa inclinação da antiga natureza. Ceder a essa inclinação é ceder à morte (Rm 8.6). Nessa inclinação interna da velha natureza, a carne está no comando.  Quando a carne assume o controle o Espírito fica de fora.

Comentário
É interessante ressaltar que Paulo usa o termo ‘carne’ em pelo menos, três sentidos: em um sentido mais geral, refere-se ao que é humano. Em um outro sentido, refere-se ao corpo físico. Em um sentido mais específico, principalmente quando aparece em oposição a ‘espírito’, refere-se à natureza Adâmica, que envolve também mente e alma. No caso de Gl 5.17, se os gálatas abandonam a Cristo e põem sua confiança na lei, estarão voltando à confiança na carne. Há uma guerra sendo travada na psique humana, isto é, a carne, as vontades pessoais, a razão humana lutam incansavelmente contra o Espírito. São duas vontades lutando em uma só mente. Por isso, o apóstolo Paulo escreveu: “Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem nenhum, pois o querer o bem está em mim; não, porém, o efetuá-lo. Porque não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço” (Rm 7.18-19). Paulo afirma: “Porque não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço” – isto é a guerra entre a natureza pecaminosa e a natureza Santa do Espírito. É guerra da vontade própria e contra a vontade de Deus. Na verdade, existe uma resistência involuntária da parte humana, e é esta resistência que cria este atrito espiritual, ou seja, é a nossa carne resistindo à vontade de Deus. Para vencer esta batalha contra a velha inclinação, o crente deve viver no Espírito. Mas o que é viver no Espírito? Paulo responde: “logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim” (Gl 2.20).

2. A nova inclinação. Em oposição à velha natureza adâmica, também denominada de natureza pecaminosa, ou ainda, de "velho homem", Paulo mostra a inclinação do Espírito. Ele afirma que a inclinação do Espírito produz vida (Rm 8. 6). A palavra grega inclinação, usada aqui por Paulo é phrónma, cuja raiz vem de phroneo, inclinar. Fica bastante evidente a participação do crente no processo da salvação. Ele precisa andar na esfera do Espírito afim de que não ceda aos desejos da carne. Assim como o crente tem seu papel no processo da salvação, escolhendo, ou não, receber a graça de Deus, da mesma forma ele, agora como regenerado em Cristo, também tem a escolha para andar, ou não, no Espírito. Assim como respondemos ao chamado de Deus para a salvação, devemos da mesma forma responder ao chamado de Deus para a santificação. Nessa inclinação da nova criatura em Cristo, o Espírito está por dentro, isto é, no comando, e a carne está por fora. Não está mais no comando, pois foi destronada. 

Comentário
O Espírito Santo que agora passa a fazer morada no coração humano quando este aceita a Jesus Cristo como seu Salvador, é o agente responsável em conduzir o crente a fazer a vontade de Deus. A descida do Espírito Santo não foi para que simplesmente falássemos em línguas estranhas. Também foi para auxiliar o cristão a subjugar o próprio eu, para fazer guerra contra a natureza carnal. Por isso, para que o crente ande no Espírito, o apóstolo Paulo recomendou: “E não vos embriagueis com vinho, no qual há dissolução, mas enchei-vos do Espírito” (Ef 5.18). Ele docemente constrange o crente a fazer a vontade de Deus. Mas para que obtenha total êxito sobre a carne, é preciso que o crente aprenda a viver na dependência de Deus, que reconheça que o seu querer está contaminado pelo pecado, que assuma, de forma cabal, que é da sua natureza carnal que fluem os desejos pecaminosos (Mt 15.19).

3. A nova filiação. Essa nova inclinação a qual o apóstolo se referiu só se tornou possível porque os justificados em Cristo Jesus passaram a ser guiados pelo Espírito de Deus: "Porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos de Deus" (Rm 8.14). Esse privilégio, que tornou possível ao crente ser orientado ou guiado pelo Espírito aconteceu porque Deus nos deu a adoção de filhos: "Porque não recebestes o espírito de escravidão, para, outra vez, estardes em temor, mas recebestes o espírito de adoção de filhos, pelo qual clamamos: Aba, Pai" (Rm 8.15). Como filhos, agora somos habitação do Espírito Santo, que em nosso interior dá testemunho dessa nova filiação recebida (Rm 8.16). 

Comentário
A vida diferente que nos é dada é a vida de comunhão. Agora somos guiados pelo Espírito de Deus, e a vida que nos é dada, é a vida de filho. Somos filhos de Deus e quem testifica em nós é o Espírito de Deus, Ele mesmo revela isso em nós. Todos aqueles que têm o Espírito Santo foram adotados como filhos de Deus, essa é a marca. E aqueles os que têm o Espírito Santo têm comunhão com o Pai. Como você sabe que é filho de Deus? Por causa da intimidade com o Pai que o Espírito Santo concede, esse é o nosso maior privilégio, maior prêmio, de poder conviver plenamente com o Senhor, em profunda amizade e companheirismo, resultado da obra do Espírito de Deus em nós, e à medida que podemos clamar a Deus, como se clama ‘Paizinho’, o próprio Espírito de Deus que testifica que somos filhos de Deus. É nesse ato de intimidade que essa filiação se manifesta. Também, se somos filhos, somos herdeiros de Deus. Tudo o que Deus propôs a Cristo, propôs a nós. Paulo desenvolve este tema em Efésios, quando fala da igreja como plenitude de Cristo. Portanto, essa comunhão com Deus e essa consciência que vamos herdar as mesmas coisas que Cristo herdou, há de nos dar a coragem necessária para continuarmos firmes em meio ao sofrimento, porque teremos sempre a consciência de que se com Cristo sofremos, também com Ele seremos glorificados.

III - A VIDA NO ESPÍRITO PRESSUPÕE OPOSIÇÃO ENTRE A NOVA ORDEM E A ANTIGA (Rm 8.18-39)

1. A manifestação dos filhos de Deus. Os versículos 18 a 30 de Romanos 8 mostram a certeza dos crentes quanto ao futuro: "Porque para mim tenho por certo que as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada" (Rm 8.18). Fica evidente que quando o apóstolo falava do futuro, ele também contemplava o passado. O atual estado de coisas mostra os sinais da velha ordem. São marcas que fazem com que a criação tenha gemidos por não poder por si mesma removê-las. Por isso ela geme: "Porque sabemos que toda a criação geme e está juntamente com dores de parto até agora" (Rm 8.22). Mas não só ela, nós também que temos as primícias do Espírito também gememos (Rm 8.23). A criação quer voltar ao seu estado original e nós também. O Espírito Santo sente o nosso drama, sente a nossa angústia e também geme por nós (Rm 8.26,27). O melhor é saber que em todas as coisas Deus opera para o bem dos que o amam (Rm 8.28). A palavra grega sünergei (de onde vem sinergismo) traduzida em Romanos 8.28 como coopera, mostra que Deus trabalha, com os que o amam, em direção a seu propósito.

Comentário
Já que falamos em sofrimento, é bom lembrar que a vitória do cristão não é não sofrer. A vitória do cristão é não ser derrotado pelo sofrimento. Nesse período, que ainda temos aqui, enquanto aguardamos a volta de Jesus Cristo, vamos sofrer sim, principalmente porque vamos nos levantar contra tudo que se opõe a Deus, portanto vamos estar em confronto direto com as forças das trevas, vamos estar em confronto direto com a rebelião humana, vamos entrar em confronto direto com a injustiça, vamos estar em confronto direto com a maldade, vamos entrar em contato direto com a miséria, e é óbvio que vamos sofrer. É impossível enfrentar batalhas dessa monta, sem experimentar algo de sofrimento ainda que pequeno. Vamos sofrer pelo simples fato de sermos diferentes. Não tem como escapar disso, mas é preciso lembrar que o sofrimento que vamos enfrentar enquanto pregamos o Reino de Deus, e por pregarmos o Reino de Deus, enquanto lutamos pela implantação do Reino de Deus, pela evidenciação dos sinais do Reino, esse sofrimento não se pode comparar com a glória que há de ser revelada a nós, ou seja, não se pode comparar com aquilo que Deus vai fazer no final do processo, dando-nos plenamente aquilo que nos prometeu em Cristo Jesus, dando-nos uma glória  que só será inferior ao do próprio Cristo. Essa glória não é apenas particular, nossa, de cada um de nós, mas é a glória da Igreja, e é também a glória do Planeta, porque com a nossa glorificação, haverá a restauração de todas as coisas, e o Apóstolo Paulo diz que a própria natureza está esperando esse dia, em que a nossa glorificação representará a restauração da própria natureza. Então não somos só nós que estamos sofrendo, todos os seres vivos estão sofrendo de alguma maneira aguardando o dia da redenção. Aguardando quando o projeto de Deus se cumprir em nós. Então nos deixemos amedrontar, não desfaleçamos diante do sofrimento, da angústia porque são inevitáveis, pelo contrário, nutramo-nos de esperança na certeza de que esse sofrimento, fruto natural da postura que tomamos na vida em relação a Deus, há de ser consolado e vai gerar, em nós, eterno peso de glória e, portanto, não pode ser comparado ao que nos aguarda em Cristo Jesus.

2. Provas do grande amor de Deus. Os versículos 31 a 39 de Romanos 8, são na verdade o fechamento de tudo aquilo que o apóstolo argumentou desde o capítulo cinco. De pecadores perdidos e sem esperança passamos a filhos de Deus através da justificação pela fé. De escravos do pecado passamos ao estado de filhos libertos através da obra do Espírito Santo. De membros de uma velha ordem passamos a ser participantes de uma nova ordem no Espírito. 

Comentário
Fechando a questão do sofrimento, o apóstolo Paulo diz: “olha, não tenha medo de viver, não tenha medo do aparente sofrimento,  porque nada  pode  nos  derrotar.  Deus  é  por  nós;  quem  pode  ser  contra  nós?  Quem  pode  nos derrotar?  Ninguém! Quem pode  nos separar do amor de Cristo? Nada!” O que quer dizer que não importa o que aconteça, Cristo nos ama. E, aliás, esta  é  a  certeza  que  nós  temos  de  ter  diante de  qualquer  sofrimento,  diante  de  qualquer  tribulação.  Estarmos  passando  por tribulação, estarmos passando por dificuldades, estarmos passando por  lutas não significa  que Jesus Cristo deixou de nos amar, não significa que Deus está chateado conosco e por isso estamos sendo punidos; nada disso! Paulo está dizendo: “olha, por amor de  Cristo  nós  somos  mesmo  entregues à morte todo dia”, ou seja, ser cristão é tomar uma posição contra as trevas, contra a morte, contra a injustiça, contra o desespero humano.

3. Deus é conosco. Deus nos ama, nos redimiu em Jesus Cristo do jugo do pecado e está ao nosso lado. Paulo afirma que "diremos pois, a estas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós?" (Rm 8.31). Paulo demonstra que nesta vida, enquanto permanecermos em Cristo, nada poderá nos separar do amor de Deus. Somos o objeto de seu grande amor.
Comentário
Certamente alguém se oporá a nós, mas Paulo salienta que a essa oposição faltará a capacidade de destituir a fé. Visto que Deus é por nós, é-nos assegurada a sobrevivência espiritual vitoriosa. As palavras ‘por nós’ exprimem o eterno compromisso assumido pelo grande amor que é expresso nos versículos 38-39. Isso é uma profunda garantia de segurança espiritual.
CONCLUSÃO
A lição de hoje ajuda-nos a compreender que a graça de Deus é realmente surpreendente. Ela transformou ímpios em santos e nos colocou em um nível de relacionamento com Deus jamais imaginado pelo seu antigo povo, e a graça de ter o Espírito Santo habitando em nosso interior e o privilégio de ser guiado por Ele. Mas não é só isso, agora também somos herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo. Isso tudo se chama graça 

Comentário
A graça de Deus faz com se seja possível sermos salvos. A Bíblia diz em Efésios 1.7-8 “Que ele fez abundar para conosco em toda a sabedoria e prudência, fazendo-nos conhecer o mistério da sua vontade, segundo o seu beneplácito, que nele propôs.” John Wesley discorrendo sobre ‘A Salvação pela Fé’, escreve: “Pela graça sois salvos, mediante a fé (Ef 2.8) - Todas as bênçãos que Deus tem dado ao homem provêm da sua mera graça, generosidade ou favor; favor totalmente imerecido: o homem não tem nenhum direito à menor misericórdia divina. Foi a graça livre que formou o homem do pó da terra e lhe soprou nas suas narinas o fôlego da vida e imprimiu na alma a imagem de Deus e “pôs tudo sob seus pés”. (Gn 2,7; Sl 8,6). Agora podemos ter plena confiança no sangue de Cristo, uma confiança nos méritos de sua vida, morte e ressurreição, um descansar nele como nossa propiciação e nossa vida, como dado por nós e vivendo em nós. A segura confiança que temos em Deus e que, através dos méritos de Cristo, nossos pecados estão perdoados, estamos reconciliados ao favor de Deus e, como conseqüência, próximos e apegados a Ele, como nossa “sabedoria, justiça, santificação redenção” ou, numa palavra, nossa salvação] “NaquEle que me garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus" (Ef 2.8)”,
Missionário Vicente Dudman
Natal/RN
Maio de 2016


terça-feira, 26 de abril de 2016

EBD: Lição nº 05 - A MARAVILHOSA GRAÇA

Missionário Vicente Dudman
 Formatura:
Teologia - Escola Teológica das
Assembleia de Deus no Brasil
Direito - Universidade Estácio de
Sá (Câmara Cascudo) no Rio
Grande do Norte.
Inglês - University of Texas
Estados Unidos.
Estamos disponibilizando pra você todo início de semana, mais um comentário sobre cada lição da EBD. Assim fazemos, para que os irmãos possam melhor preparar sua aula. Cada item, contém um comentário, para que o amado leitor entenda melhor os tópicos da lição. Estudaremos esta semana a lição nº 05, desse 2º trimestre, que tem como título: A MARAVILHOSA GRAÇA. Para cada tópico, deixamos o nosso comentário. Fizemos cuidadosa pesquisa a respeito dessa tão importante lição. Buscamos auxílio e Ainda recorremos a vários mestres no assunto, para que pudéssemos aplicá-lo para o seu melhor entendimento. Em caso de dúvidas com relação ao assunto, deixe seu comentário, a sua dúvida, no final desta postagem, que responderemos com todo prazer a sua pergunta. Espero que satisfaça a todos, e tenha uma boa aula.

INTRODUÇÃO
O capítulo cinco da Epístola aos Romanos mostra o triunfo da graça sobre o pecado. Paulo já havia falado a respeito da justificação, mas o que significava isso na prática? Que implicações teria na vida dos crentes? O apóstolo não procurou filosofar a respeito da origem do pecado e suas consequências. Ele buscou mostrar, de forma clara, como Deus resolveu essa questão. A graça de Deus nos justificou, abolindo o domínio do pecado e fazendo-nos viver livres em Cristo. 

Comentário
Temos visto até agora que há homens que, por causa da queda em Adão permanecem sob condenação e em inimizade com Deus, e homens que, pela redenção em Cristo, o ‘último Adão’, estão justificados e em paz com Deus. Para demonstrar a consistência de sua tese, Paulo retroage no tempo e demonstra onde e como se deu a condenação de todos os homens, contrastando com a redenção em Cristo (Rm 5.12 -21). Paulo demonstrou que Adão e Cristo constituem-se 'os cabeças' de duas famílias distintas. Este trouxe à vida (existência) os filhos de Deus, e àquele traz à existência na condição de mortos e em inimizade com Deus os filhos da ira, filhos da desobediência, filhos do diabo, ou filhos de Adão (Rm 5.15-19). O Capítulo 6 é iniciado com um esclarecimento acerca do capítulo 5.20-21, de que o aumento do pecado aumentava a graça; Alguns poderiam alegar que, se, através do pecado, estavam proporcionando uma oportunidade a Deus para apresentar a grandiosidade de sua graça, com isso, eles poderiam pecar mais e mais. Paulo, então, diz que a idéia de um cristão continuar no pecado é totalmente contrária ao evangelho. O pecado é abominável e destrutivo, e aqueles que estão mortos para o pecado e o poder governante do pecado nunca mais deveriam querer viver nele.

I – OS INIMIGOS DA GRAÇA

1. Antinomismo. Paulo percebeu que a sua argumentação a respeito da graça poderia gerar um mal-entendido. Por isso, tratou logo de esclarecer o seu pensamento a respeito do assunto. Usando o método de diatribe, ele dialoga com um interlocutor imaginário, procurando explicar de forma clara o seu argumento. Paulo já havia dito que onde o pecado abundou, superabundou a graça (Rm 5.20). Tal argumento seria uma afirmação ao estilo dos antinomistas, pois estes acreditavam que podemos viver sem regras ou princípios morais.

Comentário
Após demonstrar que 'onde o pecado abundou, superabundou a graça', Paulo antecipa-se àqueles que poderiam argumentar que permaneceriam no pecado visando aumentar a graça. 'Que diremos...', ou seja, qual deve ser o entendimento do cristão? Permanecer no pecado (em Adão), para que a graça aumente? Não! Este não deve ser o entendimento do cristão. O argumento dos críticos seria esse: se Deus justifica o pecador pela graça, quanto mais pecado se tiver, maior a graça da justificação. Como o pecador é visto por Deus como justo após a justificação, o pecado deixa de ser um problema, não podendo haver mais castigo. Ou seja, segundo os críticos de Paulo, a justificação incentivaria o pecado antes e depois da salvação. Paulo diz que não é porque a graça superabundou onde o pecado abundou que o comportamento do cristão deva ser de devassidão. O pecado reinou pela morte (pena decorrente da transgressão de Adão), e a lei somente fomentou a ofensa ( Rm 5:20 ). Mas, a graça de Deus se há manifestado para que, da mesma forma que o pecado reinou por meio da natureza decaída do homem (carne) e em obediência as suas concupiscências (conduta aquém da lei de Deus), a graça também reine pela justiça através da nova natureza (espiritual) e em obediência à justiça (conduta segundo a lei da liberdade).

2. Paulo não aceita e não confirma o antinomismo. No antinomismo não há normas. Os que erroneamente aceitavam tal pensamento acreditavam que quanto mais pecarmos mais graça receberemos. Em outras palavras, a graça não impõe limite algum. Antevendo esse entendimento equivocado, o apóstolo pergunta: "Que diremos, pois? Permaneceremos no pecado, para que a graça seja mais abundante?" (Rm 6.1). A resposta é não! A graça não deve servir de desculpa para o pecado. Infelizmente, o antinomismo tem ganhado força em nossa sociedade, passando a ser socialmente aceito até mesmo dentro das igrejas evangélicas. Esta é uma doutrina venenosa, que erroneamente faz com que a graça de Deus pareça validar todo tipo de comportamento contrário à Palavra de Deus. Em geral, tal pensamento vem "vestido" de uma roupagem espiritual, porém o antinomista costuma ser relativista quando se utiliza da expressão "não tem nada a ver". 

Comentário
Colocando em outras palavras, se Deus nos aceita como somos, não seria lógico pensar que isso nos daria liberdade para viver como quisermos? Essa dúvida pode estar correndo na mente de algumas pessoas também em nossos dias. Para os leitores da carta que argumentassem que permaneceriam no pecado para que a graça aumentasse, Paulo demonstra que quem assim pensa desconhece o real significado do batismo. Tanto Paulo quanto os leitores da sua carta havia sido batizados na morte de Cristo por meio da fé "...fomos batizados em Jesus...", ou seja, todos os que creem são batizado na morte de Cristo Jesus "...um morreu por todos, logo todos morreram" ( 2Co 5.14 ). Se todos morreram porque Cristo morreu, isto demonstra que 'de uma vez morreram para o pecado' conforme Paulo demonstra no verso 10. De uma ou de outra forma, o que está sendo esquecido é que a justificação é imediatamente seguida pela santificação. Esta é uma operação de Deus que começa no momento da nossa salvação e continua por toda nossa vida na terra, até o momento em que formos morar com Deus. É um crescimento contínuo em direção do alvo que é a estatura do varão perfeito — Cristo.

3. Legalismo. Em Romanos 6.15, o apóstolo tem em mente o judeu legalista, quando pergunta: "Pois quê? Pecaremos porque não estamos debaixo da lei, mas debaixo da graça? De modo nenhum!" A doutrina da justificação pela fé, independentemente das obras da lei, levaria o legalista a argumentar que Paulo estaria ensinando que, em virtude de não estarmos mais debaixo da lei, então não há mais obrigação alguma com o viver santo. Nesse caso, não haveria mais nenhuma barreira de contenção contra o pecado. Na mente do legalista, somente a lei de Moisés era o instrumento adequado para agradar a Deus. Isso justifica as dezenas, e às vezes, centenas de preceitos que o judaísmo associou com o Decálogo. Os legalistas criaram como desdobramento da lei 613 preceitos. A teologia de Paulo irá ensinar que mesmo não estando mais debaixo da lei, o cristão não ficou sem parâmetros espirituais. Pelo contrário, agora que ele tem a vida de Jesus Cristo dentro de si, está capacitado a agradar a Deus, mesmo sem se submeter à letra da Lei de Moisés. 

Comentário
Após apresentar Adão e Cristo, o pecado e a graça no capítulo anterior (Rm 5.12-21), neste capítulo, a primeira referência à lei encontra-se no verso 15. Através deste versículo Paulo demonstra que a ausência da lei não determina a condição de submissão ao pecado, e sim o fato de o homem ter herdado de Adão tal condição. Antes mesmo de ser instituída a lei, já estava o pecado no mundo (Rm 5.13), o que demonstra que a abundante graça de Deus promove a justificação de vida (Rm 5.18 ), em contraste à condenação herdada de Adão. Muitos entendem que neste versículo (v. 15) Paulo está perguntado aos seus leitores se é pertinente aos cristãos permanecerem em uma vida de devassidão simplesmente por não terem o freio da lei, uma vez que agora estão na graça. Mas, não é esta a colocação do apóstolo. É preciso considerar a primeira pergunta: "Pois que?", que introduz os elementos necessário à compreensão do leitor, quando ler a conclusão: "De modo nenhum". A argumentação apresentada no verso 2 é complementada através deste verso e apresenta a mesma colocação de João e uma de suas cartas: "Qualquer que permanece nele não peca (...) Qualquer que é nascido de Deus não comente pecado; porque a sua semente permanece nele; e não pode pecar, porque é nascido de Deus" (1Jo 3.6-9). Sem esquecer que os argumentos deste capítulo fundamenta-se no capítulo 5, do verso 12 ao 21, João apresenta uma figura que ilustra a condição daquele que á nascido de Deus, ou seja, é uma planta plantada por Deus "Ele, porém, respondendo, disse: Toda a planta, que meu Pai celestial não plantou, será arrancada" ( Mt 15:13 ). João apresenta o motivo pelo qual o homem nascido de Deus não peca: porque a semente de Deus permanece nele, ou seja, o que determina o tipo de uma planta é a semente. A bíblia apresenta dois tipos de sementes: a corruptível e a incorruptível. Está é a palavra de Deus e aquela refere-se a semente corruptível de Adão, por quem todos os homens pecaram e foram destituídos da glória de Deus por causa da semente de Adão. Sabemos que uma planta não pode produzir dois tipos de frutos, e nesta ilustração, verifica-se que a planta plantada pelo Pai só pode produzir segundo a semente planta. É um contra senso considerar que a planta que o Pai plantou possa produzir dois tipos de frutos: o bem e o mau. Uma vez que os cristãos já morreram com Cristo e a ressurreição é na semelhança da ressurreição de Cristo, segue-se que aqueles que morrem juntamente com Cristo, de uma vez por todas morrem para o pecado, já que tanto Cristo como os cristãos passaram a viver para Deus por intermédio da ressurreição. Desta forma os cristãos estão assentados nas regiões celestiais em Cristo, por causa da nova condição do homem espiritual gerado em Cristo (v. 10).
II- A VITÓRIA DA GRAÇA

1. A graça destrói o domínio do pecado. Para Paulo, o pecado era como um tirano impiedoso que não poupava seus súditos. Ele reinou desde que entrou no mundo e seu domínio parecia não ser ameaçado. O pecado dominou os que não estavam debaixo da Lei e dominou também os que estavam sob sua égide. Não havia escapatória. Por causa do "velho homem", uma expressão que para Paulo é sinônimo de natureza caída e pecaminosa, que esse iníquo tirano conseguia reinar. Como se libertar, então, desse tirano? Paulo mostra que a solução de Deus foi aquilo que lhe servia de base de sustentação, o corpo do pecado: "Sabendo isto: que o nosso velho homem foi com ele crucificado, para que o corpo do pecado seja desfeito, a fim de que não sirvamos mais ao pecado" (Rm 6.6). O "corpo do pecado" significa mais do que simplesmente o corpo físico, mas o corpo como algo que instrumentaliza o pecado e que precisava ser destruído. A palavra grega katargeo, traduzida em Romanos 6.6 como destruído, possui o sentido de destronado ou tornado inoperante. Foi, portanto, através da cruz de Cristo que esse tirano foi destronado e teve seu domínio desfeito. A graça de Deus triunfou sobre o pecado. Glória a Deus pelo seu dom inefável (l Co 9.15).

Comentário
“Sabendo isto, que o nosso homem velho foi com ele crucificado, para que o corpo do pecado seja desfeito, para que não sirvamos mais ao pecado” (v. 6). Se o “velho homem” abrange a vida antes da conversão, inclui também muito mais, e deveria ser interpretado à luz de 5.12-21, dando a entender tudo quanto éramos em nossa união com Adão. Devemos pensar que tudo isso foi encravado na cruz para morrer. Não há como um cristão dizer que permanecerá no pecado com a ideia de que aumentará a graça de Deus, visto que:
    O velho homem (nosso) foi crucificado com Cristo;
    O corpo do pecado (carne) é desfeito, e;
    Não serve mais ao pecado.
Como seria possível a alguém que crê em Cristo permanecer no pecado, visto que os que crêem são crucificados com Cristo e tiveram o corpo do pecado desfeito? Se o corpo do pecado foi desfeito, como viver ou andar no pecado? O crente é crucificado e sepultado com Cristo para que não mais sirva ao pecado, e segundo este saber, as possíveis argumentações do verso 1 são inconsistentes.

2. A graça destrói o reinado da morte. O apóstolo mostra que o reinado do pecado e seu domínio caracterizaram-se pela morte. "Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus, nosso Senhor" (Rm 6.23). Não há lugar nesse mundo onde não se sinta as consequências do pecado. 

Comentário
A união com Cristo em sua morte não destrói o nosso corpo como tal, mas põe fim ao papel do corpo como o instrumento inescapável do pecado, destruindo o reino do pecado no corpo. Os corpos dos crentes são agora dedicados a Cristo e produzem fruto santo em seu serviço (6.13,22; 7.4; 12.1). Não somos mais “escravos do pecado” visto que a vida no corpo, dominada pelo desejo ardente de pecar, cedeu lugar à vida no corpo, dominada pela paixão pela justiça e pela santidade (v.18). O tríplice contraste do salário do pecado e da morte com o dom, Deus e a vida eterna leva o argumento de Paulo a um enfoque memorável. No entender de Paulo, os cristãos não podem mais viver no pecado porque morreram para o pecado. Foram identificados por Deus na morte de Cristo. Morreram “com” Cristo e ressuscitaram “para” Deus.

3. A graça e os efeitos do pecado. Os efeitos do pecado podem ser vistos por toda parte. Podemos vê-los nas catástrofes naturais, nas guerras, homicídios, estupros e abortos. O pecado traz a marca da morte. Tanto a morte física, como a morte espiritual, o afastamento de Deus, são consequências do pecado. Nada podia destruir esse domínio tenebroso do pecado e fazer parar seus efeitos. Todavia, Paulo mostra que a Graça de Deus invadiu o domínio do pecado e destruiu seu principal trunfo — o poder sobre a morte. A graça de Deus, presente na ressurreição do Senhor Jesus, destruiu o poder sobre a morte física e essa mesma graça, quando nos reconcilia com Deus, destrói o poder da morte espiritual. 

Comentário
Após saber ou conhecer que Cristo ressurgiu dentre os mortos e que a morte não tem domínio sobre Ele, resta que o pecado não tem domínio sobre os cristãos, uma vez que ressurgiram com Cristo (v. 9) "Portanto, se fostes ressuscitados com Cristo..." (Cl 3.1). O fato de os cristãos terem sido batizados com Cristo na sua morte, e ressurgido dentre mos mortos para a glória do Pai (v. 4), tirou-os da condição de sujeição a lei, para estabelecê-los debaixo da graça de Deus. A premissa é: o pecado não tem domínio sobre o cristão. Mas, tal premissa é introduzida por um operador e conectivo argumentativo: porque - conjunção coordenativa explicativa. Ou seja, a premissa (o pecado não terá domínio sobre vós) do verso 14 é introduzida como uma explicação sobre porque o cristão deve considerar-se morto para o pecado e vivo para Deus.
III- OS FRUTOS DA GRAÇA
1. A graça liberta. A graça é libertadora (Rm 6.14) e produz frutos para a nossa santificação: "Mas, agora, libertados do pecado e feitos servos de Deus, tendes o vosso fruto para santificação, e por fim a vida eterna" (Rm 6.22). Somente a graça seria capaz de desfazer o domínio do pecado. A Bíblia afirma que quem comete pecado é escravo do pecado (Jo 8.34). E mais, o escravo não possuía domínio sobre o seu arbítrio. Essa situação mudou quando a graça, revelada na pessoa de Jesus Cristo, entrou na história e desfez o domínio do pecado. Paulo afirmou que o "pecado não terá domínio sobre nós". Somos livres em Cristo. Essa liberdade é uma realidade na vida do crente: "Estai, pois, firmes na liberdade com que Cristo nos libertou e não torneis a meter-vos debaixo do jugo da servidão" (Gl 5.1).

Comentário
“o pecado não terá domínio sobre vos” (v. 14), temos aqui uma declaração indicativa, uma promessa, e não um imperativo ou uma exortação. Paulo usa a analogia humana de escravidão ao apelar para a santidade, lembrando o contraste entre a antiga vida pecaminosa e a nova vida regenerada. A frase 'De nenhum modo' pede uma explicação da parte do apóstolo sobre a impossibilidade de o homem pecar quando alcançado pela graça. Tal explicação advém de elementos pertinente à figura do escavo, que é introduzida através da argumentação seguinte "Não sabeis vós...?". Não sabeis vós que é impossível servir a dois senhores? Não sabeis vós que a árvore só produz fruto segundo a sua espécie? Ou não sabeis que um fonte não pode jorrar água doce e salgada? (Tg 3.12). Todas estas figuras complementam-se e apontam para os elementos apresentados por Cristo acerca das duas portas e dos dois caminhos. Como o homem apresenta-se como servo para obedecer ao seu senhor (...a quem vos apresentardes por servos...)? Ou seja, como o homem passa a condição de servo daquele a quem ele obedece (pecado ou obediência)? A bíblia é clara sobre este aspecto. Todos os homens quando vem ao mundo através do nascimento natural, segundo Adão, apresentam-se ao pecado para o servir e obedecer. Ou seja, o nascimento natural é a porta larga que dá acesso a um caminho espaçoso que conduz a perdição "Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela" (Mt 7.13). O nascimento segundo a semente corruptível de Adão (natural) é a maneira como o homem se apresenta como servo ao pecado. É o nascimento segundo a vontade da carne, segundo a vontade do varão e do sangue que coloca o homem em sujeição e em obediência ao pecado (Jo 1.13). Como o homem se apresenta a Deus como servo? Através da obediência a palavra da verdade (evangelho) "...obedecestes de coração a forma de doutrina a que fostes entregues" (v. 17).

2. Exigências da graça. A graça liberta, mas ao mesmo tempo tem suas exigências. Isso fica claro pelo uso dos termos considerar (6.11), que no original (logizomai) significa reconhecer, tomar consciência: "Assim também vós considerai-vos como mortos para o pecado, mas vivos para Deus, em Cristo Jesus, nosso Senhor" (Rm 6.11). Em Romanos 6.13 a palavra "apresentar" (gr. paristemi), significa colocar-se à disposição de alguém: "Nem tampouco apresenteis os vossos membros ao pecado por instrumentos de iniquidade; mas apresentai-vos a Deus, como vivos dentre mortos, e os vossos membros a Deus, como instrumentos de justiça" (Rm 6.13). 

Comentário
Paulo procura conscientizar os seus leitores a considerarem (Retórica perfeita) que estavam mortos para o pecado e vivos para Deus. "Assim também..." remete as considerações apresentadas anteriormente. Ou seja, da mesma maneira que 'conheciam' que Cristo morreu uma única vez por causa do pecado e foi sepultado, os cristãos deveriam considerar estarem mortos para o pecado e vivos para Deus em Cristo Jesus. Esta relação entre a morte de Cristo e a morte dos cristãos, e a vida de Cristo e a nova vida dos cristãos Paulo Já havia estabelecido no verso 8, porém, discorre de forma a não deixar dúvidas quando a morte dos cristãos para o pecado, e ressurreição deles para vida, por meio de Cristo Jesus. Considerar é ter em conta, ou seja, é andar conforme a nova vida alcançada "...assim andemos nós também em novidade de vida" (v. 4). Paulo não recomenda um faz de conta ao pedir que os cristãos considerassem estarem mortos para o pecado e vivos para Deus. Eles deviam contar com a nova vida e descansar por estarem de posse dela (regeneração), porém, andarem de modo digno da nova condição alcançada graciosamente (comportamento).

3. A graça santifica. Paulo revela que um dos efeitos imediatos da graça é a justificação e o outro é a santificação: "Mas, agora, libertados do pecado e feitos servos de Deus, tendes o vosso fruto para santificação, e por fim a vida eterna" (Rm 6.22). A palavra "santificação", que traduz o grego hagiasmos mantém o sentido de "separação". A graça nos libertou e nos separou para Deus. A santificação aparece aqui nesse texto como um fruto da graça. No ensino de Paulo a santificação ocorre em dois estágios. Primeiramente somos santificados em Cristo quando o confessamos como Salvador de nossas vidas. Na teologia bíblica isso é conhecido como santificação posicional. Por outro lado, não podemos nos acomodar, mas procurar a cada dia nos santificar, isto é, nos separar para Deus. Essa é a graça progressiva, aquilo que existe como um processo na vida do crente. 

Comentário
Santificação é o processo no qual os crentes crescem e chegam à maturidade em Cristo (Ser Semelhantes a Cristo) e deve ser entendida como: 1. Separação do mal (2Co 6.14-18; 1Pe 3.11); 2. Separação para Deus (2Co 5.15); É necessário saber que diferente da Salvação, a Santificação é um “processo” que tem início no novo nascimento e só termina com a volta gloriosa de Cristo. A Bíblia chama Noé, Jó, Ló, Davi e outras pessoas de "justo", "'integro", "temente a Deus", "perfeito", ou "sem culpa", mas isto não significa que chegaram a ser "absolutamente sem pecado e incapazes de pecar", pois Noé se embriagou vergonhosamente (Gn 9.20-27); Jó confessou pecado (Jó 42.6); Ló andou pela vista, quis viver em terra idólatra, embriagou-se e caiu em incesto com as filhas; Davi adulterou, depois providenciou a morte do marido; etc. Então, note que santificação não é erradicação da natureza pecaminosa; perfeição impecável; impecabilidade. Santificação (gr. hagiasmos) significa “tornar santo”, “consagrar”, “separar do mundo” e “apartar-se do pecado”, a fim de termos ampla comunhão com Deus e servi-Lo com alegria. Esses termos não subentendem uma perfeição absoluta, mas a retidão moral de um caráter imaculado, demonstrada na pureza do crente diante de Deus, na obediência à sua lei e na inculpabilidade desse crente diante do mundo (Fp 2.14,15; Cl 1.22; 1Ts 2.10; cf. Lc 1.6). O cristão, pela graça que Deus lhe deu, morreu com Cristo e foi liberto do poder e domínio do pecado (Rm 6.18); por isso, não precisa nem deve pecar, e sim obter a necessária vitória no seu Salvador, Jesus Cristo. Mediante o Espírito Santo, temos a capacidade para não pecar (1Jo 3.6), embora nunca cheguemos à condição de estarmos livres da tentação e da possibilidade do pecado.

CONCLUSÃO
Vimos nesta lição quem são os inimigos da graça, conhecemos a vitória da graça e os seus frutos. Tudo que temos e tudo que somos só foram possíveis pela graça de Deus. Essa graça é que trouxe salvação. "Porque a graça salvadora de Deus se há manifestado a todos os homens". Que venhamos viver segundo a recomendação de Tito renunciando à impiedade e vivendo neste presente século de forma sóbria, justa e piamente (Tt 2.11,12).

Comentário
Graça significa “favor divino não merecido.” O termo grego no original é charis, que deriva do verbo charizomai. Esta palavra significa “mostrar favor para” e assume a bondade do doador e a indignidade do receptor. Quando charis é usada para indicar a atividade de Deus, significa “favor não merecido.” “Para louvor da glória de sua graça, que ele nos concedeu gratuitamente no Amado” (Ef 1.6). Por conseguinte, qualquer ensino que ofereça fórmulas ou técnicas para obter a aceitação de Deus, que não seja pela graça somente, é falso. O perdão de pecados, a redenção por meio do sangue de Cristo, a sabedoria e o entendimento e todas as bênçãos espirituais são concedidos somente pela graça (Veja Ef 1.1-5). Pregar o evangelho significa pregar a graça - “...e o ministério que recebi do Senhor Jesus para testemunhar o evangelho da graça de Deus.” (At 20.24). O ministério do evangelho não tem outra mensagem senão a graça de Deus em Cristo. Se isto não é o que se prega, então não estamos pregando o evangelho.] “NaquEle que me garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus" (Ef 2.8)”,

Missionário Vicente Dudman
Natal/RN
Abril de 2016